sexta-feira, 18 de março de 2011

UM POUCO SOBRE O RADIOAMADORISMO

          Hoje em dia as pessoas estão acostumadas a conhecer e falar facilmente com indivíduos, de outros países inclusive, pelas famosas redes sociais. Mas antigamente não era bem assim que as coisas funcionavam. Podia-se manter contato à distância via cartas, é claro, mas isso demoraria muito. Eis que com a mesma rapidez de uma rede social, no início do século XX já era possível falar com pessoas de qualquer lugar do planeta, e fazer amigos, tudo isso pelo radioamadorismo. Rápido, fácil, seguro e o melhor: grátis.
          Os radioamadores também são extremamente importantes em situações de acidentes, terremotos, enchentes, entre outros. Nessas situações pode ser que a área do desastre fique isolada, sem comunicação telefônica, e sem socorro. Como o rádio não precisa de internet ou linha telefônica (que poderiam estar sem sinal), os radioamadores podem facilmente entrar em contato com a Defesa Civil ou com a polícia, pedindo ajuda. Isso já aconteceu inúmeras vezes, como durante a II Guerra Mundial, o atentado de 11 de setembro, o tsunami que devastou vários países da Ásia em 2004, o furacão Katrina, os terremotos no Haiti e no Chile, e até mesmo as recentes calamidades causadas pela chuva nos Estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro. Esses são apenas exemplos bem conhecidos. Falando em conhecido, existem (e existiram) muitos radioamadores famosos, como Akio Morita-JP1DPJ (fundador da SONY), Juscelino Kubitschek-PY1JKO (acredito que você saiba quem é), Nolan Bushnell-W7DUK (fundador da ATARI), Priscilla Presley-N6YOS (ex-esposa de Elvis Presley), Rachel de Queiroz-PT7ARQ (escritora brasileira), Steve Wozniak-WA6BND (fundador da APPLE), e muitos outros. Pois é, até mesmo Rachel de Queiroz foi radioamadora. Essas letras e números que você leu após o nome de cada radioamador são o chamado indicativo. O indicativo é a identificação de uma estação radioamadora. Por exemplo, se um radioamador de outro Estado brasileiro entra em contato com a nossa estação rádio, ele vai se referir a nós como PY3CM. Durante a conversa é claro que ele saberá que falou com pessoas do Colégio Militar de Porto Alegre, mas o que contará como um contato para ele será o nosso indicativo.
          Bom, quando os radioamadores estabelecem contato entre si, é quase uma regra a troca de cartões QSL, que são cartões-postais que representam a confirmação do contato. Esses cartões são como “figurinhas” que os radioamadores colecionam, e os DXs (contatos à longa distância) são os mais apreciados. Falando em cartões QSL, o Clube de Radioamadores já está bolando o seu. O rádio não é usado só para fazer amigos, existem vários concursos, os chamados contestes. Normalmente os contestes são realizados em datas comemorativas, e há a possibilidade de ser feito um conteste pelo centenário do CMPA, em 2012. O Clube de Radioamadores do CMPA já se consagrou campeão em duas modalidades do CVA 2010 (Concurso Verde-Amarelo), em CW (telegrafia) e SSB (fonia) na categoria subdiretoras militares.
          Graças a ajuda que os radioamadores já deram à população, no dia 24 de outubro de 2001 foi criada a RENER (Rede Nacional de Emergência de Radioamadores). Criada com o objetivo de suprir os meios de comunicações usuais, quando não puderem ser usados, em casos de calamidades públicas, a RENER reconhece e oficializa a importância dos radioamadores. Juntamente a isso, a LABRE (Liga de Amadores Brasileiros de Rádio Emissão), fundada e 02 de fevereiro de 1934, é quem representa os radioamadores no âmbito nacional, coordenando as operações entre Defesa Civil e radioamadores. Existem três classes de radioamadores, “C”, “B” e “A”, cada uma podendo se comunicar em determinadas faixas de frequências. Para tornar-se radioamador, você deve procurar a LABRE correspondente a seu Estado e inscrever-se para o Teste de Capacidade Operacional e Técnica para Acesso/Promoção ao Serviço de Radioamador, realizada pela ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações).
          Em conversas entre radioamadores, é comum eles se despedirem com um “73”, que é uma forma de cumprimento, como “um grande abraço”. Antigamente foi criada uma lista de várias frases ou palavras que eram representadas por números, e o “73” ficou mais conhecido e é usado até hoje.
Então, 73.
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Vanderlei Amaral