“De todas as artes, a de escrever é a mais fácil, indolor e alegre forma de passar o tempo. Por exemplo, neste momento estou sentado no meu roseiral digitando no meu novo computador. Cada rosa representa uma história e graças a isso nunca me falta o que escrever. Eu simplesmente olho profundamente para dentro do coração da rosa, leio a sua história e a digito, coisa que gosto de fazer de qualquer modo. Eu poderia estar digitando “kijfiu joewmy jiw” que me daria o mesmo prazer de palavras que fazem algum sentido. Eu simplesmente adoro o movimento dos meus dedos batendo nas teclas. Às vezes, é verdade, a agonia visita a mente do escritor. Quando isso acontece, eu paro de escrever e relaxo tomando um café no meu restaurante favorito, sabendo de antemão que as palavras podem ser mudadas, repensadas, retocadas e, finalmente, negadas, é claro. Os pintores não podem se dar a esse luxo. Se forem à lanchonete, suas tintas podem secar e se transformar em uma massa dura.”
Faço minhas as palavras acima, exceto a palavra “café”, que eu trocaria por lasanha. O parágrafo acima eu retirei de um livro, escrito por Steve Martin (esse mesmo, o ator). Desde pequeno sempre li bastante, e minha mãe sempre contava histórias para mim. Bastava escolher um livro na biblioteca do colégio, chegar em casa e adormecer com a voz dela lendo as páginas. Isso me despertou a vontade de inventar as minhas próprias histórias. Li uma vez em um blog a seguinte frase: “para escrever bem, é preciso ter a coragem de escrever mal”. Isso me deixou muito feliz.
E como dizem, todo bom escritor foi antes um bom leitor. Mesmos os autores mais consagrados se baseiam em outras obras para escrever. Com o tempo, é claro, eles ganham experiência, e vão tornando seus livros cada vez mais originais, criando seus estilos próprios.
Imagine a complexidade de uma simples leitura, como esse texto, por exemplo. Você não precisa ler todas as letras de cada palavra, apenas lê a primeira e a última, as outras podem até estar embaralhadas. O nosso cérebro reconhece automaticamente a palavra, simplesmente porque ele já viu ela em outro lugar. Não é preciso, também, ler palavra por palavra, até porque assim nossa leitura ficaria muito pausada. É só você passar os olhos por essa linha, onde diz: “pausada. É só você passar os olhos por essa linha, onde diz”, que nosso cérebro faz todo o processo da leitura-entendimento. As preposições e artigos, que costumam ser as menores palavras, mal são enxergadas, mas como já conhecemos o formatos das letras, e os possíveis locais delas em uma frase, entendemos completamente a mensagem.
Todavia, nem todos conseguem essa façanha. É preciso treino, muito treino para isso. Está aí a grande importância da leitura: estimular o funcionamento do cérebro. Ora, temos uma “máquina” de grande potencial dentro (literalmente) de nossas cabeças, e seu único combustível é o estímulo.
Comecei escrevendo sobre livros. Talvez daqui a alguns anos você possa estar passando em frente a uma livraria e, quem sabe, descobre um livro com o título: Forças Unidas do Fundo da Aula.Vanderlei Amaral