Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.
Fernando António Nogueira Pessoa (1888-1935, Lisboa), poeta e escritor português. Nasceu no dia 13 de junho de 1888, ano em que a Princesa Isabel assinou a Lei Áurea. Em 2011 comemora-se seu 123° aniversário. Pessoa é considerado junto de Luís Vaz de Camões um dos mais importantes poetas de língua portuguesa. Morreu em Lisboa, mesma cidade de nascimento, no dia 30 de novembro de 1935.
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. E o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
I know not what tomorrow will bring.(seu último escrito)
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